O Parque Nacional da Tijuca (RJ) é a unidade de conservação mais visitada do país, recebendo mais de três milhões de turistas por ano. Porém, florestas que parecem deslumbrantes por fora, como no caso do Parque Nacional, muitas vezes não possuem animais de médio e grande porte que são de grande importância para o funcionamento dos processos ecológicos nos ecossistemas. Por isso, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoia o programa de reintrodução de fauna no parque que neste mês de setembro reintroduziu quatro bugios - macaco que é conhecido pela sua vocalização que pode ser ouvida a quilômetros de distância. A espécie era considerada extinta​ na Floresta da Tijuca há mais de 100 anos.

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O próximo passo foi colocar colares de monitoramento nas fêmeas e tornozeleiras nos machos. “Dessa forma, podemos verificar onde eles estão na mata, como estão interagindo entre si e com as outras espécies”, comenta o pesquisador. Ele afirma que, uma semana após a soltura, os bugios estão bem, alimentando-se adequadamente e coexistindo com outros animais. “Ficamos um pouco preocupados quando o grupo encontrou com macacos-prego, que normalmente são mais agressivos, mas não tivemos problemas. Está tudo correndo dentro do planejado”, ressalta.

Fernando Fernandez destaca ainda que a meta é realizar uma soltura a cada ano, por quatro anos consecutivos, para que a população de bugios no Parque Nacional da Tijuca seja autossustentável, dependendo apenas da própria reprodução e não de novas ações externas como reintroduções de mais indivíduos.

Importância dos macacos para as florestas

Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, afirma que as áreas protegidas brasileiras sofrem de um mal chamado ‘florestas vazias’, no qual por conta da caça predatória, as áreas não possuem animais de médio e grande porte. 

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Malu comenta que antes do bugio, a cutia também foi reintroduzida com sucesso no Parque Nacional da Tijuca, a partir de um projeto apoiado pela instituição. Sobre essa iniciativa, o pesquisador afirma que “essa é outra espécie que dispersa sementes e permite a reprodução das árvores nas florestas e que já está se reproduzindo sem a nossa interferência”, conclui.

Compartilhamento de experiências

Com o objetivo de incentivar iniciativas similares em outras regiões do Brasil, o programa de refaunação, ou seja, reconstrução de faunas nativas em unidades de conservação foi apresentado por Fernandez na oitava edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), que aconteceu em Curitiba em setembro.

Segundo ele, esse projeto tem o poder de engajar as pessoas. “Nós recebemos muitos contatos de pessoas querendo no ajudar. Eu acredito que elas sentem falta de fazer algo de concreto pela natureza. Por isso, espero que nossa participação fomente a replicação dessa ação”, ressalta Fernandez.

Fonte: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza