Para a alegria
e felicidade dos amantes da natureza, nas últimas semanas temos recebido diversos anúncios
de espécies sendo descobertas ou redescobertas na natureza. Muitas delas
já surgem (ou ressurgem) à luz da ciência com o status de ameaçada de extinção,
levantando a seguinte indagação: divulgar ou não divulgar a localização dessas espécies?
Este tema
foi muito bem abordado em uma publicação recente do jornal The Guardian.
Segundo o jornal, revistas científicas começaram a omitir as localizações geográficas
de espécies, uma vez que caçadores tem se utilizado destas informações para
coletar e traficar espécies de lagartos, sapos e cobras recém (re)descobertas
pela ciência. Normalmente, os artigos científicos trazem além da localização
geográfica, uma série de dados ecológicos e biológicos de dada espécie,
facilitando a ação de traficantes de animais.
Como
exemplo, um artigo científico da revista Zootaxa, sobre a descoberta de duas novas espécies de lagartixas do gênero Goniurosaurus no sul da Índia (Foto acima), não
apresenta a localização das espécies. “Devido à popularidade desde gênero como
animais de estimação e os recorrentes casos de descrições científicas que
apontam colecionadores comerciais como responsáveis por levar espécies da herpetofauna a beira da extinção, não divulgamos nesta publicação as localidades de coleta dessas espécies
de distribuição restrita,” diz os autores.
Para Mark
Auliya, biólogo e herpetólogo do Centro de Pesquisa Ambiental Helmholtz, a
publicação de informações contendo a localização geográfica representa uma
ameaça para a sobrevivência de algumas espécies, visto que estas informações
são usadas por traficantes de animais silvestres. “Identificar a localização de
espécies raras, protegidas, em perigo ou endêmica de habitats específicos, pode
criar uma demanda de mercado, especialmente se essas espécies são carismáticas,
coloridas ou apresentam uma morfologia única dentre as demais espécies,”
enfatizou Auliya para o jornal The Guardian.
Segundo a
publicação do jornal The Guardian, são inúmeros casos em que após a divulgação
de uma redescoberta ou a descrição de uma nova espécie, o animal, pouco tempo
depois, passa ser encontrado sendo comercializado em outras regiões. Dentre os
exemplos está uma espécie de anfíbio (Dendrobates galactonotus - foto acima), endêmica da região
amazônica brasileira e que foi descoberta em 2013. Três meses depois espécimes
do animal podia ser encontrado na Alemanha, sendo vendido entre 350 a 700
euros.
De fato, vejo que a discussão sobre divulgar ou não divulgar a localização
de espécies (re)descobertas deve ser melhor avaliada no meio científico. Ainda
mais quando falamos de espécies raras como a rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis - foto ao lado, recém redescoberta após 75 anos sem registros confirmados), a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii, extinta na natureza brasileira) e diversas outras espécies de
aves, anfíbios e répteis descobertas ou recém-descobertas no Brasil e em várias
partes do mundo e que são alvos fáceis do tráfico de animais silvestres.
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2 Comentários
agora voces se acham donos de tudo? passei a vida inteira ocupando e invadindo UCS para observar a natureza, e ja vi uma infinidade de biologos levando animas e plantas para casa ou universidades... voce nao acham que o problema de trafico desses animas/plantas nao seria negligencia do proprio governo em relaçao as populaçoes do entorno de ucs? pq nao insere eles no cotidiano da uc e geram renda para eles? mas nao... o pessoal do alckimin quer mesmo eh privatizar, e pelo q parece os srs. desse site querem mesmo eh elitizar o acesso a natureza tbem! #OcupaUC
ResponderExcluirDiscordo do biólogo entrevistado. A informação livre não é uma ameaça e nem gera demanda para captura de animais silvestres. Quem ameaça e gera demanda sobre a fauna é essa "cultura" de sequestrar e possuir animais silvestres em cativeiro. Restringir informações é tão bárbaro quanto traficar animais silvestres.
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