Com o objetivo de garantir o equilíbrio ecológico marinho e
impedir que as garoupas entrem em extinção, a Associação Ambientalista
TerraViva (Atevi) promoveu no dia 15 deste mês a soltura de 2 mil alevinos
criados em cativeiro. A introdução dos peixes ocorreu na praia da Ilha das
Cabras, na região sul de Ilhabela (SP), um santuário municipal onde a pesca não
é permitida.
Essa foi a quinta expedição de repovoamento promovida pela Atevi,
com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A iniciativa,
inédita no Brasil, introduziu 10 mil alevinos ao longo da costa paulista em
2019. A previsão é de que, em 2020, mais 10 mil sejam soltos em habitat
natural, totalizando 20 mil indivíduos reintroduzidos.
Solitária e territorialista, a garoupa possui escamas pequenas e
pode atingir 50 quilos. Sua carne tem grande importância comercial,
principalmente para a região Sudeste do país, onde é mais consumida. Todos os
indivíduos da espécie nascem fêmeas e, somente com cerca de 15 anos, passam a
ser do sexo masculino, o que, somado ao consumo excessivo da carne do animal, o
coloca em risco de extinção.
Responsável técnica do projeto, Claudia Kerber destaca que a
produção de alevinos em laboratório e a introdução em ambiente marinho é
fundamental para garantir a sobrevivência da espécie. “Tivemos o cuidado de
fazer o programa de repovoamento com animais iguais aos que estão na natureza.
Pegamos todo o plantel de garoupas selvagens, fizemos o perfil genético e
escolhemos todos os acasalamentos para obter um nível de parentesco muito baixo
e o mais próximo possível da população que nós temos aqui na região”, afirma.
A previsão é de que o projeto tenha duração de dois anos, com
monitoramentos a cada 60 dias. Os dados coletados vão embasar políticas
públicas para a formulação de programas de repovoamento em vários locais da
costa brasileira onde as garoupas já desapareceram.
Segundo o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo
Boticário, Robson Capretz, a ausência das garoupas gera consequências em todo o
ecossistema marinho. “Assim como os tubarões e os meros, as garoupas são topo
de cadeia na região que habitam e são muito importantes para manter o resto da
cadeia equilibrada. Sem a sua presença, outros animais marinhos podem se
reproduzir em larga escala, desequilibrando o ecossistema”, destaca.
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