Apesar dos
esforços e dos avanços significativos em todos os países, o maior acordo global
para proteção da biodiversidade já firmado no mundo não deve ser cumprido até
2020, prazo inicialmente acordo. O alerta foi feito pelo secretário executivo
da Convenção da Diversidade Biológica, Bráulio Dias, que participa do VIII
Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), um dos maiores
eventos de conservação da natureza na
América Latina. O congresso acontece em Curitiba (PR), até o próximo dia 25.
As Metas de
Aichi são consideradas o maior acordo global sobre biodiversidade em nível
mundial e estão voltadas à redução da perda da biodiversidade, em todo o
planeta. Reunidas em cinco objetivos estratégicos, as 20 Metas de Aichi são
assim chamadas, pois foram definidas durante a 10ª Conferência das Partes da
Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10), realizada em Nagoya, Província
de Aichi, Japão.
Dias afirmou
que o Quarto Relatório do Panorama Global da Biodiversidade (GBO4) constatou
avanços na implementação da maioria das Metas, mas que esses progressos
atualmente são insuficientes para garantir que elas sejam cumpridas na sua
totalidade.
“Trata-se de
um conjunto de metas ambiciosas e todos o países enfrentam desafios para
implementá-las, sobretudo as que necessitam de um prazo maior”, ressaltou Dias.
Ainda assim, ele acredita que as metas são factíveis e que é possível para
todos os países apresentarem um cumprimento satisfatório do que elas propõem.

Para Dias, a
sociedade, de maneira geral, ainda não percebeu que a biodiversidade gera
benefícios econômicos, sociais e serviços ecossistêmicos (estimados em trilhões
de dólares por ano) e que eles vêm sendo apropriados a qualquer custo, causando
uma exploração não sustentável dos recursos biológicos. Como exemplo, ele citou
o declínio da população de várias espécies de abelhas que promovem a
polinização de plantas, devido à degradação e contaminação dos ecossistemas. “O
resultado é a perda do serviço ecossistêmico da polinização em muitas regiões
do planeta, o que afeta diretamente a agricultura no planeta”, indicou Dias,
nesta manhã, em sua palestra para cerca de 1.000 pessoas, durante o VIII CBUC,
evento realizado em comemoração aos 25 anos da Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza.
Malu Nunes,
diretora executiva da instituição, acompanhou o painel e acredita que a solução
para os desafios indicados por Dias é envolver todos os setores na implantação
efetiva do acordo global de proteção à natureza, motivando a adoção plena de
práticas sustentáveis, especialmente para os setores econômicos, os grandes
usuários da biodiversidade. ”Essa é uma forma eficaz de garantir a redução da
chamada pegada ecológica, de promover cadeias de suprimento sustentáveis e
evitar que as perdas de biodiversidade em todo o planeta acentuem-se ainda
mais, prejudicando o equilíbrio social, natural e econômico do mundo”,
completou Malu.
“A Plataforma Global Negócios e Biodiversidade lançada em Tóquio em 2011
pela CDB para engajar o setor produtivo é uma ação positiva e que pode
contribuir também para o alcance das metas”, completou Dias. Atualmente, mais
de 20 países criaram suas iniciativas nacionais ou regionais de Negócios e
Biodiversidade, incluindo o Brasil, país detentor da maior biodiversidade do
Planeta, mas que enfrenta problemas para cumprir várias das Metas de Aichi:
desmatamento, tráfico de animais, baixo cumprimento da legislação ambiental e
total insuficiente de áreas protegidas.
Fonte: Fundação Grupo Boticário
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