A afirmativa
de que “manejo florestal não impacta a floresta” foi dada por um pesquisador da Embrapa Florestas, conforme publicação do site Brasil Florestal. Tal afirmativa teria partido pelo fato de que a Portaria 443/2013 do
Ministério do Meio Ambiente – MMA, que trata da flora ameaçada de extinção,
apresenta uma lista de 57 espécies madeireiras ameaçadas de extinção, mas que
segundo estudiosos, muitas dessas espécies são abundantes, por exemplo, no
Estado de Mato Grosso e em outros Estados brasileiros.
De acordo
com o pesquisador, aparentemente a inserção de muitas das espécies madeireiras
na lista de extinção foi feita sem levar em consideração a metodologia de
avaliação prevista pela IUCN - União Internacional para Conservação da Natureza.
Não vou entrar no mérito dos critérios analisados para inserção ou não das
espécies madeiras na lista de extinção, mas aqui vamos analisar a afirmação de
que manejo florestal não impacta a floresta. Tal afirmativa coloca a atividade como
uma alternativa econômica com impacto zero para exploração das florestas, mas
na verdade não é bem desta forma.
Primeiramente
digo que sim, manejo florestal para fins madeireiros impacta sim a floresta. Toda atividade tem
potencial para causar algum impacto ambiental, seja este em maior ou menor
magnitude. Além disso, do ponto de vista ambiental, considero o manejo
florestal uma medida mitigadora para a exploração da floresta para fins madeireiros, visto que
teoricamente só ocorre a retirada de indivíduos pré-selecionados da mata, não
havendo a necessidade de derrubá-la por completo.
Segundo, uma
floresta (aqui entenda todos os tipos de florestas) não é formada unicamente
por árvores. É um ecossistema muito mais complexo e que abriga uma grande
variedade de espécies da fauna e da flora, adaptadas às condições de luz, umidade,
entrada de nutrientes, etc. Embora não ocorra redução na área de floresta (nem
sempre isto ocorre), a estrutura da mata é alterada com a retirada dos
indivíduos de valor comercial, geralmente os de maior porte e mais altos da
floresta.
No Estado do Tocantins, por exemplo, projetos ditos de manejo florestal sustentável para fins madeireiros tem arrasado os últimos remanescentes floresta amazônica do
Estado, principalmente quando falamos em termos estruturais, comprometendo a
sobrevivência de toda uma biodiversidade associada. Atualmente, sabe que pelo menos 59 espécies de aves da Amazônia tocantinense estão ameaçados de extinção. Além
disso, muitos dos animais ali encontrados são dependentes da estrutura florestal
para sobreviver e manter a floresta viva, visto que muitas espécies de árvores
têm como principais dispersores os animais que ali se encontram.
Desta forma, embora o manejo florestal seja uma alternativa viável à exploração das florestas brasileiras, ela não é de impacto zero, uma vez que ocorrem grandes alterações na estrutura florestal, alterando a dinâmica biológica e ecológica do local.
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Desta forma, embora o manejo florestal seja uma alternativa viável à exploração das florestas brasileiras, ela não é de impacto zero, uma vez que ocorrem grandes alterações na estrutura florestal, alterando a dinâmica biológica e ecológica do local.
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