Mesmo sendo
um dos animais vivos mais antigos do planeta, ainda há espécies de esponjas
calcárias desconhecidas. Uma recente pesquisa publicada na revista científica
Zootaxa apresenta a descoberta de doze novas espécies para a ciência,
provenientes do Arquipélago de Abrolhos e de quatro das cinco ilhas oceânicas
do país: Arquipélago de São Pedro e São Paulo (PE), Arquipélago de Fernando de
Noronha (PE), Atol das Rocas (RN) e Ilha da Trindade (ES). “Essas áreas têm
enorme valor econômico, científico e estratégico, mas as comunidades biológicas
ainda são desconhecidas”, informa a líder da pesquisa, a bióloga e pesquisadora
Fernanda Azevedo do Laboratório de Biologia de Porifera da UFRJ.

As esponjas
calcárias possuem esqueleto constituído por carbonato de cálcio. Futuramente,
com a acidificação dos oceanos pelas mudanças climáticas, esse esqueleto pode
ficar fragilizado. “Ainda não sabemos qual o impacto na vida marinha e pode ser
que algumas espécies sejam extintas antes mesmo de serem descobertas”, explica
a especialista. Parte dessa pesquisa contou com o financiamento da Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza e representa a integração dos resultados
obtidos em dois projetos apoiados – um coordenado pelo pesquisador Fernando
Moraes e outro pela pesquisadora Fernanda Azevedo.
Cinco curiosidades sobre as esponjas marinhas
1 - O nome
da esponja calcária Clathrina zelinhae foi escolhido pela equipe de
pesquisadores para homenagear a chefe da Reserva Biológica Marinha do Atol das
Rocas, Maurizélia de Brito Silva, conhecida como Zelinha.
2 - Em um
experimento feito no início do século 20, células de esponjas foram isoladas e
foi demonstrado que são capazes de se reagregar e reconstituir novamente uma esponja funcional. Isso significa que as
células de uma esponja mantêm a memória necessária para formar novamente o
indivíduo, enquanto outros animais só têm essa programação enquanto são
embriões. O que acontece num experimento assim quando células de duas esponjas
são misturadas? "Elas não só se reconstituem como fazem isso
separadamente, porque percebem quem é quem", responde a professora
Michelle Klautau, chefe do Laboratório de Biologia de Porifera da UFRJ.
3 - Dentre
os animais vivos conhecidos atualmente, as esponjas são consideradas pela
grande maioria dos cientistas como as mais antigas. Assim, estudando as
esponjas é possível entender como a vida no planeta evoluiu. “As esponjas podem
nos ajudar a compreender como deve ter sido o primeiro animal, o ancestral de
todos os outros animais”, informa a pesquisadora Michelle Klautau.
4 -
Diariamente as esponjas filtram milhares de litros de água, purificando a água
do mar de metais pesados, vírus e bactérias. Cabe destacar que substâncias
químicas retiradas de esponjas marinhas são princípios ativos de vários
medicamentos, tais como o AZT (tratamento da AIDS), a eribulina (tratamento de
câncer de mama) e o aciclovir (tratamento de herpes), entre outros.
5 - As esponjas têm um papel fundamental também na vida de outros
organismos, uma vez que são verdadeiros
"hotéis vivos", abrigando em seu corpo diversos organismos,
tais como peixes, crustáceos, equinodermos, poliquetas e vários outros que
podem viver a vida toda ou parte dela no interior de uma esponja.
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