O mês de
outubro iniciou com boas notícias para a conservação da natureza no Brasil:
unidades de conservação que abrangem municípios dos estados de São Paulo,
Paraná e Mato Grosso do Sul foram reconhecidas como Sítios Ramsar. São elas a
Área de Proteção Ambiental (APA) Cananéia-Iguape-Peruíbe, em São Paulo; parte
da APA de Guaratuba, no Paraná; e o Parque Nacional de Ilha Grande, também no
Paraná e em Mato Grosso do Sul.
Os Sítios
Ramsar são o principal instrumento adotado pela Convenção sobre Áreas Úmidas de
Importância Internacional, conhecida como Convenção Ramsar - um tratado
intergovernamental criado inicialmente no intuito de proteger os habitats
aquáticos importantes para a conservação de aves migratórias, mas que, ao longo
do tempo, ampliou sua preocupação com as demais áreas úmidas de modo a promover
sua conservação e uso sustentável, bem como o bem-estar das populações humanas
que delas dependem.
Entre os
objetivos da Convenção estão o de estabelecer marcos para ações nacionais e
para a cooperação entre países, para promover a conservação e o uso racional
das áreas, de acordo com o reconhecimento da sua importância ecológica e dos
seus valores social, econômico, cultural, científico e recreativo.
“Estima-se
que as áreas úmidas representam cerca de 20% do território brasileiro e
englobam ecossistemas tanto marinho e costeiros, quanto continentais, abrigando
uma grande variedade de ambientes e espécies. Parte dessas áreas são
reconhecidas como Sítio Ramsar, o que significa uma vitória para essas
unidades, aumentando a visibilidade dessas áreas e dando acesso ainda a
benefícios financeiros para conservação e uso racional. Além disso, esse
reconhecimento deve priorizar também a implementação de políticas
governamentais e investimentos com fontes nacionais e internacionais”, avalia a
diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu
Nunes.
Preocupação
com áreas úmidas brasileiras
O interesse
em divulgar e proteger as áreas úmidas está no dia a dia da Fundação Grupo
Boticário. Por meio de apoio a projetos, a instituição promove a conservação
desses locais em parceria com outras organizações. Neste ano, por exemplo, o
edital de apoio a projetos do segundo semestre, realizado pela Fundação, teve
como foco iniciativas que contribuíssem para a conservação das áreas úmidas,
mais especificamente o bioma Pantanal - considerado uma das maiores extensões
úmidas contínuas do planeta - e todos os Sítios Ramsar nacionais.
Somente nas
três áreas designadas como novos Sítios Ramsar, a Fundação já apoiou 33 projetos desde 1991 (18 na APA de Guaratuba, 11 na APA Cananéia-Iguape-Peruíbe
e quatro no Parque Nacional de Ilha Grande), em parceria com outras instituições.
Os trabalhos foram focados em diferentes ecossistemas e espécies de flora e fauna, como por exemplo,
onças, papagaios, morcegos, cavalos-marinhos, botos, micos, entre outros.
Para Marilia Cunha Lignon, responsável técnica pelo projeto
“Monitoramento de Manguezais - guardiões das zonas costeiras”, em
desenvolvimento na APA Cananéia-Iguape-Peruíbe pelo Instituto BiomaBrasil, o
reconhecimento abre margem para obtenção de recursos técnicos e financeiros em
projetos que promovam o desenvolvimento sustentável da região. “É importante
entender a importância desse reconhecimento internacional. Em muitos editais
internacionais, projetos que são desenvolvidos em Sítios Ramsar são valorizados
e recebem uma pontuação maior”, destaca a pesquisadora.
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