Segundo o
Ibama, o tráfico de espécies silvestres é o terceiro maior do mundo, atrás
apenas do tráfico de drogas e armas. As aves correspondem a 80% das apreensões
do Instituto. Dentro desse grupo, os papagaios estão entre as espécies mais
vulneráveis, muito procurados como animais de estimação. Evitar a retirada de
papagaios da natureza por meio do combate ao tráfico de aves é o principal foco
de um programa nacional lançado nesta última quarta-feira (8) nas redes sociais do
Programa e das instituições envolvidas. O projeto foi apresentado durante o 1º
Simpósio Internacional de Conservação Integrada, no Parque das Aves, em Foz do
Iguaçu (PR).
Elenise
Sipinski, coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa,
realizado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
(SPVS), afirma que a união das instituições garante resultados mais efetivos na
conservação da natureza. O projeto atua desde 1998 no litoral paranaense e
Litoral Sul de São Paulo, áreas onde a espécie ainda é encontrada.
“Infelizmente há pessoas que compram papagaios silvestres e financiam esse tipo
de crime. Com o Programa Papagaios do Brasil, pretendemos mostrar que a
biodiversidade é nosso maior patrimônio”, comenta Sipinski.
A exibição
de um vídeo sobre os papagaios brasileiros marcou o lançamento da iniciativa. O
Programa Papagaios do Brasil tem apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção
à Natureza e realização da SPVS, Parque das Aves, Fundação Neotrópica,
Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e ICMBio/CEMAVE. O Programa segue as
diretrizes do PAN Papagaios e tem ações previstas até 2021, entre atividades de
educação para conservação da natureza, pesquisas e participação de instituições
públicas e privadas.
Papagaio-de-cara-roxa
O
papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) vive em uma estreita faixa do
bioma Mata Atlântica que se estende do litoral do Paraná ao Litoral Sul de São
Paulo. Desde 1998, a SPVS desenvolve o Projeto de Conservação do
Papagaio-de-cara-roxa, monitorando anualmente a população da espécie e
realizando atividades de manejo e educação para conservação com as comunidades
locais. Com ações como a instalação de ninhos artificiais de madeira e PVC, que
suprem a falta de ocos de árvores, houve um crescimento na população nos
últimos anos.
Em 2014 a
situação do papagaio-de-cara-roxa saiu de “vulnerável” para “quase ameaçado” na
Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. No entanto, o
alerta de conservação da espécie permanece, devido à destruição de seu habitat
natural e à grande quantidade de papagaios capturados para serem vendidos de
forma ilegal.
Papagaio-verdadeiro
No Brasil, a
espécie mais conhecida de papagaio é o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva).
Essas aves habitam o Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e regiões do Sul do país.
Sua popularidade se deve, principalmente, à habilidade para imitar a fala
humana. Por esse motivo, a espécie é a mais traficada para o comércio ilegal.
Mais de quatro mil papagaios-verdadeiros já foram apreendidos pelos órgãos
fiscalizadores desde 1988.
Para
conservar a espécie e seu habitat natural, o Projeto Papagaio-verdadeiro
pesquisa e monitora filhotes desde 1997. O projeto realiza a contagem de
indivíduos em dormitórios para estimar a população nacional, além de atividades
de educação e sensibilização com crianças, moradores do entorno de áreas
naturais e turistas para combater o tráfico.
Papagaio-charão
O
papagaio-charão (Amazona pretrei) vive nos estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, nas florestas com araucárias, onde se alimenta das sementes do
pinheiro-brasileiro. Essa espécie é uma das menores entre os papagaios do país.
Entre as ações
desenvolvidas para conservação da espécie, a Associação Amigos do Meio Ambiente
(AMA) tem incentivado proprietários de terras na criação de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), estratégia que garante a
perpetuidade da preservação de áreas naturais e protege o habitat do
papagaio-charão. O Projeto Charão pesquisa e monitora os papagaios, além de
promover a educação para conservação da natureza nas cidades onde a espécie é
encontrada.
Papagaio-de-peito-roxo
O
papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) era encontrado frequentemente em
várias regiões do bioma Mata Atlântica, do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul.
Mas a diminuição de áreas de florestas bem conservadas reduziu drasticamente a
população da espécie.
Em 2014 a
Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e o Instituto de Ciências Biológicas
da Universidade de Passo Fundo (ICB/UPF) realizaram a primeira avaliação
nacional do tamanho da população dos papagaios-de-peito-roxo. Além de ações de
pesquisa e coleta de dados, caixas-ninho também são instaladas pelo projeto
para suprir a falta de ocos de árvores nativas e auxiliar na reprodução da
espécie.
Papagaio-chauá
O
papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) vive nas florestas úmidas da faixa
litorânea do país. Na Mata Atlântica é encontrado desde o estado de Alagoas até
o Rio de Janeiro e algumas regiões de Minas Gerais. O status populacional da
espécie é um dos menos conhecidos, o que torna ainda mais relevantes as
iniciativas de conservação.
O Projeto de
Conservação do Papagaio-chauá é executado pela Fundação Neotrópica do Brasil e
pelo Parque das Aves, que realizam pesquisas e atividades de educação para
conservação. Em parceria com instituições e comunidades locais, o projeto
incentiva a geração alternativa de renda com menor impacto aos ambientes
naturais.
Papagaio-moleiro
O
papagaio-moleiro (Amazona farinosa) é o maior papagaio brasileiro, medindo
cerca de 40 cm de comprimento. Pode ser encontrado em florestas mais densas da
Amazônia, Bahia, São Paulo e no leste de Minas Gerais.
A principal
ameaça à espécie é a captura ilegal para criação em cativeiro. Devido à sua
personalidade dócil, os papagaios-moleiros são muito procurados como animais de
estimação, o que tem contribuído para uma queda drástica na população,
principalmente na Bahia.
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