Quando vieram ao mundo, eram
de uma feiura que chegava a comover: o corpo pelado, a pele enrugada, os olhos
cerrados. Mas poucos bebês foram tão esperados como as duas ararinhas-azuis que
nasceram no interior paulista, em endereço mantido em sigilo. São as primeiras
geradas no Brasil nos últimos 14 anos, quando a espécie foi considerada extinta
na natureza, com o fim do último exemplar, em Curaçá, na Bahia.
Ararinha-azul. Foto: ACTP. |
O nascimento dos filhotes,
ainda sem nome, foi fruto de um esforço de instituições do Brasil, da Alemanha
e do Catar que integram o Projeto Ararinha na Natureza, coordenado pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, com patrocínio da
Vale.
As ararinhas-azuis eram
encontradas apenas na Caatinga, em Curaçá. Além dos predadores naturais, como
gaviões, enfrentaram dificuldades para reprodução: foram expulsas por abelhas
do oco das árvores onde faziam ninhos. Mas foi a captura para o tráfico a causa
de seu desaparecimento na natureza. Em 1991, havia um animal silvestre, macho,
monitorado até 2000 - um dos últimos registros da ave foi feito pelo fotógrafo
Luiz Cláudio Marigo, especializado em natureza, que morreu neste ano ao
enfartar na frente do Instituto Nacional de Cardiologia e não conseguir
socorro.
Recém nascido de ararinha-azul nascido no Brasil. Foto: Eny Miranda/Divulgação |
Filhote de ararinha-azul nascido no Brasil. Foto: Eny Miranda/Divulgação |
O projeto Ararinha na
Natureza prevê que os animais sejam reintroduzidos em Curaçá em 2021. Para
isso, é preciso ter 20 aves com 1 ano, vindas de vários criadouros. Até a meta
ser atingida, será feito um trabalho de conscientização com a população de
Curaçá e criada uma Unidade de Conservação na região em que as ararinhas serão
soltas.
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Fonte: Estado de Minas