Todos os anos milhares de hectares do
bioma Cerrado são atingidos por incêndios florestais. Quando o fogo tem origem
antrópica, acaba promovendo a degradação de inúmeras áreas naturais e de toda
uma biodiversidade a ela associada. Entretanto, os incêndios florestais de
origem natural são capazes de proporcionar a manutenção de diferentes habitats,
garantindo a manutenção de diferentes espécies no cerrado.
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Cerrado em chamas, Brasília. Foto: Agência Brasil. |
Quando a queimada ocorre de forma
natural e esporádica, proveniente de descargas elétricas, o fogo impede que
árvores se estabeleçam nos campos naturais, favorecendo o desenvolvimento de
capins nativos e da vegetação herbácea. Desta forma, o fogo natural acaba
modelando a paisagem do cerrado criando um mosaico de inter-habitats que
fornece condições ideais de sobrevivência para inúmeras espécies.
Embora não pareça, as aves é um dos
grupos mais afetados pela passagem do fogo no cerrado. Algumas espécies de aves
são especialistas em áreas queimadas e acabam se beneficiando pela passagem do
fogo, encontrando alimento no solo nú e queimado. Tais especialistas englobam o
Mineirinho - Charitospiza eucosma e o raríssimo Bacurau-de-asa-branca
(Hidropsalis candicans) que, juntas com as espécies generalistas, como a Ema
(Rhea americana) e o Gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) usufruem dos
efeitos benéficos do fogo natural no cerrado.
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Galito, espécie típica de capinzais. Foto: Alessandro Abdala |
Porém, outras espécies são sensíveis
ao fogo e dependem de capinzais altos, bem conservados e protegidos das chamas
por um longo período de tempo para se alimentarem e reproduzirem. Como espécies
dependentes desse habitat pode se citar o Galito (Alectrurus tricolor), o
Papa-mosca-do-campo (Culicivora caudacuta), a Cordorna Mineira (Nothura minor),
o Maxalalagá (Micropygia schomburgkii), dentre outras. Geralmente estas
espécies acabam fugindo para outras áreas, mas a destruição generalizada e
indiscriminada desses habitats pelos incêndios de origem antrópica pode leva-las a extinções locais. Desta forma, é
imprescindível que o fogo no cerrado ocorra de forma e frequência natural.
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