Apresentado na quinta-feira (10), o mais recente rascunho do Acordo de Paris, que deve ser assinado neste sábado (12), recebeu análise positiva das entidades que acompanham as discussões da COP21 em Paris. O material está um pouco mais enxuto (com 27 páginas) e cerca de 50 colchetes, isto é, pontos de dúvida que não são consenso e, por isso, podem cair a qualquer momento.

COP21, Clima, aquecimento global, efeito estufa, gee, co2, natureza, conservaçãoSe levado em conta os quase dois mil colchetes do primeiro texto, o avanço é indiscutível. Essa é a avaliação do coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza Guilherme Karam, que está acompanhando as negociações em Paris.

“O fato de os países se comprometerem a manter o aumento da temperatura da terra bem abaixo dos 2º Celsius, tentando chegar a 1,5ºC, é excelente indicativo de um acordo robusto”, destaca. Segundo ele, também merece destaque o fato de que o texto prevê recursos do Green Climate Fund para os Planos Nacionais de Adaptação às Mudanças do Clima, instrumentos dos governos nacionais elaborados junto à sociedade para promover a redução da vulnerabilidade à alteração climática.

Apesar dos avanços, o coordenador afirma que é preciso estar atento a pontos importantes que estão em aberto. “O maior colchete do acordo é com relação ao financiamento: ainda não está claro quem pagará a conta, qual o valor a ser pago e como funcionará essa transação”, diz. O texto do rascunho atual estimula fortemente países desenvolvidos a “ampliar a escala de seus níveis de apoio financeiro”. Além disso, indicam uma estratégia concreta para atingir a meta conjuntamente para prover US$ 100 bilhões anualmente até 2020 para mitigação e adaptação às alterações do clima. “Mas nada está efetivamente definido”, comenta Karam.

Outra questão avaliada negativamente pelo coordenador é o fato de o termo ‘descarbonização’ ter dado lugar à ‘neutralidade’. “Essa troca é muito ruim, pois isso pode fazer com que os países tentem neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa (GEEs), por exemplo, com esforços florestais como recuperação e ampliação de suas florestas, e não mexer na base de sua economia e da sua matriz energética para descarbonizar seus processos produtivos” ressalta.

Por fim, Guilherme Karam aponta que já se esperava o atraso na assinatura do acordo por conta da importância e dificuldade de consenso. Em conversa com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, ele afirmou que a versão final do texto será liberada neste sábado às 09h (horário de Paris). “Agora é aguardar e ver qual o nível de ambição do documento oficial”, conclui. A análise completa de Guilherme Karam você encontra neste Link.