Quando se
busca avaliar os efeitos das alterações climáticas e seus impactos na saúde
humana, percebe-se que essa é uma tarefa complexa que exige uma abordagem
interdisciplinar. A participação de profissionais da saúde, cientistas sociais,
biólogos, físicos e epidemiologistas neste debate, torna possível a compreensão
das relações entre os sistemas biológicos, ecológicos e socioeconômicos com as
alterações climáticas.

No entanto,
as doenças respiratórias costumam ter sua incidência mais fortemente
influenciada pela qualidade do ar, como ocorre em áreas urbanas, nas quais a
exposição a poluentes atmosféricos sofre grandes interferências das alterações
climáticas.
Há uma relação já bem estabelecida entre o aumento das
hospitalizações e dos atendimentos de emergência em situações que determinam
elevação da concentração de poluentes na atmosfera. De tal forma que, segundo a
Organização Mundial da Saúde, 50% das doenças respiratórias crônicas e 60% das
agudas têm associação com a exposição a tais poluentes. Essa condição pode ser
observada, sobretudo em grupos mais vulneráveis, como crianças com idade
inferior a cinco anos e idosos, nos casos de doenças como asma, alergias,
infecções bronco-pulmonares e infecções das vias aéreas superiores.
Variações na
temperatura, na umidade e no regime de chuvas podem alterar as condições de
exposição aos poluentes atmosféricos e, com isso, mudar a incidência de doenças
do aparelho respiratório.
A dispersão
de poluentes costuma ser prejudicada em dias com baixa umidade. A maior umidade
relativa do ar gera um fenômeno chamado higroscopia, cujo principal efeito
sobre os poluentes atmosféricos é a remoção de material particulado e gases
solúveis, os quais se incorporam às gotículas de água e sofrem deposição úmida
e carreamento para o solo. Portanto, a baixa umidade relativa está entre as
condições atmosféricas com importância para a saúde humana, pois além de
prejudicar a dispersão de poluentes, também favorece o desenvolvimento dos
vírus Influenza. Há estudos que permitiram associar um maior número de
internações de crianças com idade inferior a cinco anos, por infecções das vias
aéreas, no período seco (de maio a outubro).
Infelizmente,
nos dias de hoje, as infecções respiratórias agudas ainda são a principais causas de morbidade em crianças menores de cinco anos em todo o mundo, com cerca de
dois milhões de mortes por ano. Verifica-se, portanto, que a qualidade do ar
no inverno mostra piora e, segundo alguns autores, isso está relacionado a
condições desfavoráveis de dispersão dos poluentes e às alterações do clima, o
que preocupa especialistas e ambientalistas no cenário atual de seca no Brasil.
Artigo escrito por:
Rodrigo
Berté – Diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e
Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter;
Ana Paula Weinfurter Lima – Tutora dos cursos de Pós-Graduação da área
da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
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