Os pesquisadores e ornitólogos Wanieulli Pascoal e Marco A. Crozariol registraram pela primeira vez uma fêmea do pica-pau-do-parnaíba (Celeus obrieni) com penas brancas em uma das asas e na cabeça. O registro foi feito em um fragmento de cerrado em meio a pastagens no município de Colinas do Tocantins, no Estado do Tocantins. O trabalho foi publicado na revista Atualidades Ornitológicas do mês de maio e junho deste ano.
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Embora não tenha sido o foco do trabalho, o registro dessa anomalia no pica-pau-do-parnaíba acende o sinal de alerta para a conservação do pica-pau-do-parnaíba no cerrado brasileiro. De acordo com os autores, caso o surgimento dessas penas brancas estejam relacionadas à leucismo, este evento pode indicar a ocorrência de cruzamentos entre indivíduos aparentados, favorecendo o surgimento de mutações resultantes de endogamia.
O pica-pau-do-parnaíba é uma ave endêmica do Brasil, sendo encontrado em formações florestais do tipo cerradão e matas de galerias com a presença de bamboo (taboca) conhecido como Guadua paniculata. Permaneceu desaparecido por mais de 80 anos, até ser redescoberta em 2006 no Estado do Tocantins pelo biólogo Advaldo Dias do Prado. Mais recentemente foi encontrada no Pará, ampliando sua área de distribuição. Esta bela ave está na lista de espécies ameaçadas de extinção.
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Sobre o autor

Dianes G. Marcelino é consultor, engenheiro ambiental e mestre em ecologia de ecótonos pela Universidade Federal do Tocantins. Tem experiência em licenciamento ambiental, geoprocessamento, ecologia, recuperação de áreas degradadas e gestão de resíduos sólidos.