Nesta semana a Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), localizada em Cachoeiras de Macacu (RJ), receberá novos moradores: três jacutingas, carinhosamente chamadas de Coffee, Thaty e Lily. O motivo da soltura das aves no local é a reintrodução das espécies em um ambiente natural, fora do cativeiro onde viviam.

A recuperação de ecossistemas é o principal foco da reintrodução de animais silvestres ao seu habitat natural, mas a prática não deve ser feita por qualquer pessoa, já que é necessária uma autorização para a soltura de animais. O motivo é que muitos vivem anos fora do ambiente natural e precisam passar por um período de reabilitação antes da soltura. No caso das três jacutingas - assim como é feito em todos os casos -, antes mesmo de serem transferidas ao viveiro de reabilitação, elas passaram também por exames sanitários.
“As aves estavam na Universidade Estadual Norte Fluminense, em Campos de Goytacazes, que é parceira do Projeto e responsável por toda a metodologia dos treinamentos na fase de reabilitação e análises dos resultados. As jacutingas foram examinadas e, após os resultados dos testes, encaminhadas ao viveiro de reabilitação do projeto, localizado em São José dos Campos (SP). Antes da reintrodução é necessária uma preparação das aves para ambientação, avaliação comportamental, socialização, treinamentos alimentares, treinamento de voo e reconhecimento de predadores, que dura em torno de 4 meses”, explica Alecsandra.
Após essa ambientação, as aves ainda passaram por um período de aclimatação de pouco mais de um mês, para somente agora serem soltas na Reserva. A abertura do viveiro será nesta terça-feira (14) e, após a ação, o Projeto irá realizar o acompanhamento dos animais por meio dos monitoramentos em campo, radiotelemetria - todos os indivíduos serão soltos com transmissores de localização - e participativo, incentivando a comunidade local por meio da prática de observação de aves. “Estamos muito otimistas com a reintrodução desses animais. Foram muitos meses preparando-os para esse momento e nossa esperança é que a espécie não desapareça mais da região”, comenta a pesquisadora.
Reserva Ecológica de Guapiaçu também é novo lar de outra espécie
Outro projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário comemorou recentemente a reintrodução de outra espécie: as antas. Flora, Valente e Júpiter ganharam, em julho deste ano, um novo lar após um mês de adaptação. O trio se juntou a Eva e Floquinho, outros dois animais da mesma espécie que foram reintroduzidos no local em dezembro de 2017.

Segundo ele, o sucesso da ação depende principalmente da participação ativa da sociedade, visto que a caça é a principal ameaça ao animal. “Temos realizado diversas ações com a comunidade local visando minimizar a prática. As antas foram inseridas na maior Unidade de Conservação do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, nossa preocupação não é com a perda de habitat”, ressalta. Para isso, os pesquisadores envolvidos explicam a importância da espécie para a natureza, pela capacidade de dispersão de sementes - favorecendo a germinação da floresta - e controle de abundância de espécies de plantas dominantes.
Desde julho, quando foram soltos os últimos animais, o monitoramento vem sendo feito regularmente, por meio de armadilhas fotográficas e telemetria - enviada pelas coleiras colocadas nos animais, por meio de rádio-sinal e GPS. Segundo Galliez, a expectativa do projeto é reintroduzir, ainda neste ano, mais cinco animais, totalizando dez antas na REGUA.
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