A natureza
sempre esteve a favor do homem. Embora ainda pouco compreendido, uma de suas funções
é nos alertar contra desastres naturais que envolvam, por exemplo, terremotos e
tempestades. Neste sentido, os animais têm se demonstrado excelentes bioindicadores
para prever com antecedência a ocorrência desses tipos de eventos, servindo de
alerta para que todos possam sair com segurança de um possível desastre
natural.
A referência mais antiga registrada sobre comportamentos incomuns dos animais antes de um desastre natural data de 373 a.C., quando o historiador grego Tucídides relatou que ratos, cães, cobras e doninhas abandonaram a cidade de Hélice, na Grécia, dias antes de um terremoto catastrófico.
Em outros
momentos da história do homem também há relatos similares. Minutos antes do
terremoto de Nápoles, na Itália, em 1805, os bois, carneiros, cães e gansos
supostamente começaram a emitir sinais de alarme em uníssono. E há relatos de
que cavalos correram em pânico pouco antes do terremoto de São Francisco, nos
Estados Unidos, em 1906.
Dentre os
animais com essa sensibilidade para detectar a ocorrência de um desastre
natural estão as cobras. Esses animais possuem um poderoso conjunto de
mecanismos sensoriais que podem detectar minúsculas alterações de aspectos do
seu ambiente. Foram, em parte, mudanças súbitas no comportamento das cobras e
outros animais que alertaram as autoridades para evacuar a cidade chinesa de
Haicheng, em 1975, pouco antes de um grande terremoto - uma ação que salvou um
incontável número de vidas.
Em 2004, um
tsunami causado por um terremoto subaquático com magnitude de 9,1 graus na
escala Richter, na costa da Indonésia, dizimou comunidades litorâneas ao longo
do Oceano Índico, matando pelo menos 225 mil pessoas em uma dúzia de países. Nos
minutos e horas antes da chegada das enormes ondas de água com até 9 metros de
altura as faixas litorâneas, segundo relatos de testemunhas, elefantes correram
para os terrenos mais altos, flamingos abandonaram áreas de ninhos em locais
baixos e cães se recusaram a sair de casa.
Esses
relatos de comportamentos dos animais antes dos desastres levaram alguns
pesquisadores a dedicar atenção científica séria à teoria de que os animais
podem ter sistemas próprios que os alertam sobre desastres naturais iminentes.
Isso levanta uma questão fascinante: os animais poderiam fornecer sistemas
naturais de alerta precoce para os seres humanos?
Quando se
fala na detecção de tempestades, as aves são animais que parecem possuir a
sensibilidade de prever com antecedência as ocorrências desses tipos de
desastres.
Em 2014,
cientistas que rastreiam mariquitas-de-asa-amarela nos Estados Unidos
registraram um exemplo surpreendente do que é conhecido como migração de
evacuação. Essas aves começaram a sair do seu local de reprodução nas montanhas
Cumberland, no leste do Tennessee, e voaram por 700 km - mesmo tendo acabado de
voar por 5 mil km desde o norte da América do Sul. Pouco depois que as aves
voaram, uma terrível série de mais de 80 tornados atingiu a região, matando 35
pessoas e causando prejuízos de mais de US$ 1 bilhão de dólares.
Nem todos os
especialistas concordam que os sistemas de alerta precoce com animais seriam
uma opção viável para prever desastres naturais. E, mesmo se eles realmente
ajudarem, é improvável que os movimentos de animais isoladamente sejam
suficientes. As pessoas precisarão de uma combinação de diversos sistemas de
alerta precoce para terem o quadro completo. Ainda assim, embora ainda não possamos
falar com os animais, talvez seja hora de prestar mais atenção aos seus avisos.
1 Comentários
Muito Interessante a reportagem!
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