Um recente
trabalho de dissertação de mestrado, do biólogo Renato Soares Moreira sobre a diversidade
de aves na Área de Proteção Ambiental - APA do Lago de Palmas, identificou a
presença de 14 espécies de aves ameaçadas de extinção no local. Esta unidade de
conservação, por ser de uso sustentável, vem desde os anos 2000 passando por
profundas transformações ambientais, tendo grande parte de suas áreas naturais
convertidas para uso agropecuário e urbanização.
Das 14
espécies encontradas pelo biólogo, 12 estão classificadas como quase ameaçadas
de extinção, ou seja, a um passo de serem enquadradas em uma classe mais crítica para a conservação. Outras duas espécies já estão com o status de em perigo de extinção, levando em
consideração os critérios de classificação da IUCN e/ou MMA. Essas 14 espécies
ameaçadas representam cerca de 5% das 296 espécies de aves encontradas na APA
do Lago, um número bastante considerável e que pode aumentar devido ao intenso
processo de conversão das áreas naturais para uso agropecuário e urbanização.
Dentre as
aves ameaçadas de extinção da APA do Lago de Palmas estão espécies como o
pica-pau-da-taboca (Celeus obrieni),
o gavião tauató-pintado (Accipiter
poliogaster), o cancão (Ibycter
americanos), o papagaio-galego (Alipiopsitta
xanthops), o papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva), a maria-corruíra (Euscarthumus
rufomarginatus), o suiriri-da-chapada (Suiriri
affinis), a campainha-azul (Porphyrospiza
caerulescens), a cigarra-do-campo (Neothraupis
fasciata), o mineirinho (Charitospiza
eucosma) e o urubu-rei (Sarcoramphus
papa).
De acordo
com o trabalho do biólogo, a conservação das áreas naturais da UC APA do Lago
tem papel fundamental para manutenção da biodiversidade de aves do bioma Cerrado
e do Tocantins. “A diversidade da avifauna da APA do Lago representa cerca de
46% das espécies de aves do Tocantins e 34% da avifauna do cerrado. A
diversidade de aves da APA do Lago supera a riqueza de espécies encontrada em
grandes unidades de proteção integral do Tocantins, como por exemplo, o Parque
Estadual do Jalapão e a Estação Ecológica Serra Geral”, explica Renato.
Pelo
planejamento de uso e ocupação desta unidade de conservação, proposto pelo
órgão gestor, a manutenção dos ambientes naturais existentes na APA está
seriamente comprometido. O zoneamento prevê somente a preservação de pequenos
fragmentos, com pouca ou nenhuma conexão entre os remanescentes florestais.
“Praticamente
todo o território da APA é destinado à expansão urbana e/ou zona de desenvolvimento econômico, que inclui as atividades agropecuárias. Dificilmente
essa unidade alcançará os objetivos de conservação previstos pelo Sistema
Nacional de Unidade de Conservação – SNUC, sendo inevitável a extinção local da
maioria das espécies de aves e outros grupos de animais registrados para a
APA”, conta Renato.
Em termos de extinção local, ao que parece, esta já fez a sua primeira
vítima na região. Desde o enchimento do Lago da UHE Lajeado, o
jacu-de-barriga-vermelha (Penelope
ochrogaster) não é mais visto na região. Sua ausência pode estar associada
à perda e a fragmentação de habitat ocasionada pela formação do lago. Nos dias
de hoje, a má gestão da APA do lago só tem a contribuir para que inúmeras outras
espécies tenham o mesmo destino do jacu-de-barriga-vermelha.
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