A região do
MATOPIBA engloba o centro sul do Maranhão, todo o Estado do Tocantins, sudoeste
do Piauí e oeste da Bahia, sendo considerada a última fronteira agropecuária do
Brasil com quase 73 milhões de hectares. Este mega projeto prevê a transformação dessa região em um grande polo
agropecuário, trazendo desenvolvimento e geração de renda para a população
diretamente afetada. A pergunta que fica é: será mesmo que vale a pena todo
esse desenvolvimento? E esse tal desenvolvimento será para quem?
No Tocantins este grande projeto será o divisor de águas entre a conservação e a
degradação ambiental. O Estado é o que detém os maiores índices de vegetação
nativa de cerrado, sendo o território tocantinense coberto com cerca de 55% de vegetação, distribuída em grandes remanescentes ainda em bom estado de conservação e que abrigam um rica biodiversidade.
Entretanto, com o desbravamento desta nova fronteira agrícola, estes
remanescentes de vegetação estão com os dias contados, não sendo difícil prever
o que se espera para o futuro, não tão distante, do Tocantins. Junto a esta
devastação anunciada (veja figura abaixo da região de Luís Eduardo Magalhães - BA, desmatada (em vermelho) entre 1990 e 2015), toda uma biodiversidade associada será extinta, muitas
antes mesmo de serem conhecidas pela ciência.
Como comentei anteriormente, as perdas ambientais e sociais provenientes do desbravamento
desta última fronteira são imensuráveis, mas talvez não haja indignação
nacional como no caso da lama da Samarco em Mariana, uma vez que as perdas
provocadas pelo MATOPIBA ocorrerão de forma silenciosa. Assim como outros
empreendimentos, benefícios irão surgir, mas a que custo? Para quem? Será mesmo que
vale a pena devastarmos nossas riquezas naturais e perdermos espécies e pessoas
como ocorreu em outros Estados que passaram pelo mesmo processo?
Para mais detalhes sobre o MATOPIBA veja essa apresentação da EMBRAPA, onde é apresentado a delimitação, caracterização, desafios e oportunidades para o desenvolvimento do programa.
1 Comentários
Pra melhorar o IDH de Campos Lindos é fácil: conscientizar as populações de renda mais baixa a terem menos filhos através de planejamento familiar.
ResponderExcluirAgora, o agronegócio é uma necessidade indiscutível. Foi o único setor da economia brasileira que não entrou em recessão na pandemia. Qu é contra é no mínimo ingênuo.