Há cerca de dez anos, foram criadas
quatro unidades de conservação (UCs) que protegem a Floresta com Araucárias,
ecossistema associado à Mata Atlântica e que tem menos de 1% da sua cobertura
original. Juntas - Parque Nacional (Parna) das Araucárias(SC), Parque Nacional
dos Campos Gerais (Paraná), Reserva Biológica (Rebio) das Araucárias(Paraná) e Refúgio
de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (Paraná) -, elas protegem as porções mais
significativas desse ambiente natural tão ameaçado.

Com o objetivo de indicar ao poder
público as prioridades para estas UCs, bem como apresentar soluções propostas
por pesquisadores, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza promoveu o
1º Seminário Técnico: Resultados de projetos executados em unidades de
conservação federais da Floresta com Araucárias. O encontro foi realizado em
Ponta Grossa, no Paraná).
Como resultado do
encontro foi elaborada uma carta com recomendações que será entregue ao Governo
Federal pedindo que quatro ações sejam prioritárias: regularização fundiária,
elaboração de planos de manejo – documento técnico que estabelece os objetivos
e direciona as ações da unidade de conservação-, implementação dos Conselhos
Consultivo das UCs – instrumento de relacionamento com a comunidade que visa
promover uma gestão participativa - e incentivo para compra de equipamentos
essenciais e à ampliação de ações de fiscalização.
“Com essa iniciativa, buscamos ser
mais do que uma instituição financiadora, pretendemos ser um agente importante
para que políticas públicas sejam efetivas para conservação da natureza com
base nos resultados dessas pesquisas apoiadas. É uma postura mais ativa”,
afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. A instituição mantém um edital de apoio
financeiro a projetos na Floresta com Araucárias e já apoiou 163 projetos nesse
ambiente natural.
De acordo com Daniel Penteado,
coordenador regional do Instituto Chico Mendes para Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), o encontro foi bastante produtivo. “Foi possível ter
mais proximidade com que está sendo realizado de pesquisas nas unidades de
conservação. O mais importante disso foi perceber que esses projetos estão
trazendo resultados úteis para a gestão em curto e longo prazo”, comenta.
Pesquisa e informação para proteção da biodiversidade
Com área que chegou a ocupar 200 mil km2 de extensão, a Floresta com Araucárias é abrigo de diversas espécies endêmicas e outras ameaçadas de extinção, como a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) e a própria araucária (Araucaria angustifolia).
Com menos de 1%, essa floresta corre sério risco se não for protegida adequadamente. “Pode parecer que essa realidade não influencia na nossa vida diretamente, porém as florestas possuem função essencial para a vida humana, prestando os chamados serviços ambientais como a produção de água, a regulação do clima e a fertilização do solo. Por isso, a urgência de se cobrar ações efetivas que protejam esse ambiente natural”, ressalta Malu Nunes.
Durante o 1º Seminário Técnico: Resultados de projetos executados em unidades de conservação federais da Floresta com Araucárias foram apresentadas
iniciativas de conservação da biodiversidade que são apoiadas pela instituição,
como a reintrodução do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) no Parque
Nacional das Araucárias; o inventário de mamíferos de médio e grande porte na
Rebio das Araucárias e no Parna dos Campos Gerais; e a proteção dos anfíbios na
Floresta com Araucárias.
O
geógrafo e doutorando pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Henrique
Pontes apresentou os dados sobre seu projeto com cavidades subterrâneas nos
Campos Gerais, em Ponta Grossa (PR). “As frentes da pesquisa apresentaram
resultados importantes para a proteção das cavidades naturais da região,
incluindo a descoberta de novas espécies além de abrir um caminho de conversa
com os proprietários rurais da região que não se tinha antes”, ressalta.
Fonte: Fundação Grupo Boticário
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