Biólogos
paranaenses acabaram de descobrir duas novas espécies de sapos no topo das
montanhas da Serra do Mar, no estado do Paraná, chamadas de Brachycephalus
coloratus (primeira foto) e Brachycephalus curupira (segunda foto). Pertencentes ao gênero Brachycephalus, que
em latim significa “cabeça com braços”, os anfíbios foram localizados na região
pertencente à floresta densa atlântica, e foram identificados pelo canto
(coaxado).

Com medidas
que variam de 10 a 12mm de comprimento, os mini sapos, também chamados de
sapinhos das montanhas, sofreram um processo evolutivo chamado miniaturização,
o que os torna parte do grupo de anfíbios considerados os menores vertebrados
terrestres do mundo. Além disso, os animais passaram por outras adaptações
específicas no topo das montanhas: as espécies não sabem nadar, têm resistência
ao frio, têm seu desenvolvimento direto (não passam pela fase de girino) e
contam com um número de dedos reduzidos, comparados a outras espécies.
De acordo
com o biólogo, professor da PUCPR e pesquisador do Malter Natura envolvido nas
descobertas, Luiz Fernando Ribeiro, as novas espécies de mini sapos são
exclusivas da região. “Uma característica dessas espécies é o microendemismo,
ou seja, um fenômeno que torna a distribuição delas extremamente reduzida, em
apenas uma localidade identificada até o presente momento”, relata.
A tecnologia
também vem sendo uma aliada nas descobertas. Atualmente o projeto utiliza a
microtomografia, que consegue visualizar o interior dos animais, com imagens
dispostas em um link interativo da espécie Brachycephalus curupira.
Parceria
resultou na descoberta de 14 espécies
Essa não foi
a primeira vez que o apoio da Fundação Grupo Boticário ao instituto Mater
Natura contribuiu com descobertas semelhantes sobre a biodiversidade
brasileira. Durante cinco anos de parceria, por meio de dois projetos, 14 espécies de anfíbios foram descobertas na região da Mata Atlântica, entre os
estados do Paraná e Santa Catarina.

O biólogo,
pesquisador do Malter Natura e professor UFPR, Márcio Pie, também envolvido nas
descobertas, acredita que ainda há mais espécies desconhecidas. “A dificuldade
de chegarmos a vários desses ambientes provavelmente fez com que esses anfíbios
tenham sido relativamente negligenciados em estudos prévios. No entanto, por
meio do apoio da Fundação Grupo Boticário já temos planejado várias novas
expedições e provavelmente teremos novas espécies em um futuro próximo”,
destaca.
Outra
preocupação levantada pelo também pesquisador do Malter Natura e professor da
UNESP, Marcos Bornschein, é a necessidade de investigar a distribuição
geográfica e latitudinal das espécies frente ao fenômeno de aquecimento global.
Segundo ele “as recentes evidências de mudança climática pode estar afetando as
populações de Brachycephalus, e isto é preocupante, pois sabemos muito pouco
sobre as novas espécies”.
Fonte: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
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