O agito dos grandes centros urbanos prejudica a saúde física e mental. As poluições
sonora, visual e atmosférica somadas ao enclausuramento do dia a dia contribuem
com o desencadeamento de problemas pulmonares, cardíacos e emocionais. Diante
deste contexto, a ciência vem mostrando que praticar atividades ao ar livre, em contato com a natureza, é o que
precisa ser incorporado na rotina das pessoas como forma de tratamento
preventivo.

Para o neurologista e psicoterapeuta cognitivo Mário Negrão, é
possível notar uma melhora significativa no aparelho digestivo, nas alergias e
na resistência às bactérias e infecções, mas o mais importante é a sensação de bem-estar. “Quando você
coloca um indivíduo em uma cidade sem muita natureza, você está colocando-o em
um ecossistema hostil, onde tudo que o rodeia é artificial. É comprovado que
isso gera um impacto imenso na saúde”, relata.
Na Austrália, um estudo produzido na Universidade Deakin mostra que a natureza oferece às pessoas
momentos de liberdade e relaxamento, impactando positivamente o estado mental
dos indivíduos e reduzindo sintomas de
ansiedade e depressão. Na Holanda, pesquisadores do Centro Médico
Universitário de Amsterdã constataram que pessoas que vivem próximas da
natureza reduzem em 21% as chances de desenvolverem depressão. Os benefícios
também envolvem uma melhora na qualidade
do sono, no desenvolvimento cognitivo, na imunidade, nos problemas
cardíacos e pulmonares, além de uma redução na ansiedade, na tensão muscular e
na possibilidade de desenvolver doenças como obesidade e diabetes.
Para a doutora em Ciências Florestais e membro da Rede de Especialistas em Conservação da
Natureza, Teresa Magro, a sensação de bem-estar está relacionada também ao
que fazemos no ambiente natural. “Só o fato de olhar uma paisagem, fazer um passeio em um parque ou em uma
área com menos barulho, já nos dá uma sensação de relaxamento”, afirma.
No país com a mais rica biodiversidade do mundo, o contato com a natureza pode ocorrer em diferentes espaços, como
parques, praças, cachoeiras e ambientes costeiros e marinhos. “Os benefícios fornecidos pela natureza –
como ar puro, água, regulação microclimática, redução de partículas poluentes,
relaxamento mental e físico, entre outros – e sua conexão com a saúde das
pessoas devem ser vistos pela sociedade e pelo poder público como uma
prioridade. Ter espaços verdes acessíveis e bem cuidados próximos da população
estimula a visitação e a prática de atividades, o que resulta em indivíduos
mais relaxados e produtivos”, completa a gerente de Conservação da
Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Leide
Takahashi.
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