Nos últimos 4
anos o biólogo e ornitólogo Túlio Dornas vem estudando sistematicamente as aves
da Amazônia tocantinense, uma porção de terras com aproximadamente 24 mil Km² e
que apresenta vegetação florestal típica da Amazônia. Mas após análise dos dados,
uma triste realidade, das 645 espécies de aves registradas, 59 espécies de aves estão ameaçadas de extinção.
Em
entrevista para o Jornal do Tocantins, Dornas explica que a riqueza de aves
encontrada é bastante significativa para a região. “A maior parte das aves
encontradas são espécies tipicamente amazônicas, sendo várias endêmicas da Amazônia,
como o jacamim-do-xingu (Psophia interjecta)" explica Dornas. No caso do jacamim-do-xingu, os registros para a espécie na região são escassos e sua população é estimada em torno de 100 indivíduos.
Dentre as espécies ameaçadas identificadas no estudo conduzido Dornas também estão o jacupiranga (Penolope pileata), o gavião-real (harpia harpyja) e o uru-corcovado (Odontophorus gujanensis).
A maioria
das espécies descobertas é adaptada a ambientais florestais característicos da
floresta amazônica. Entretanto o desmatamento continua avançando sobre os
remanescentes de vegetação nativa da região tocantinense. “As aves amazônicas,
hoje a nível Estadual [Tocantins] se encontram numa situação bastante crítica e
merece ter uma atenção especial de conservação para que o Estado do Tocantins
futuramente não venha passa por um processo de extinção da sua biodiversidade”,
explica Dornas.
Sobre a
Amazônia tocantinense
A Amazônia
tocantinense está localizada no norte do Estado Tocantins tendo uma área
aproximada de 24 mil Km² de superfície e engloba parte da região do Estado
conhecida como Bico do Papagaio.
É uma região
com elevada biodiversidade, mas deste os anos de 1981 vem sofrendo grande pressão antrópica,
tendo sido desmatado inúmeros remanescentes florestais visando à implantação de
atividades agropecuárias.
Atualmente a região está coberta por menos de 20% de
vegetação florestal, conforme dados apresentados na dissertação de mestrado
realizado pelo engenheiro ambiental Dieyson R. de Moura, e o desmatamento continua
avançando.
“A região da floresta Amazônica tocantinense está localizada em uma zona conhecida como arco do
desmatamento. Nos últimos 20 anos o desmatamento nesta região foi intenso e com
certeza grande parte da biodiversidade do Tocantins foi perdida sem ao menos
ter sido inventariada”, explica Moura.
A Amazônia tocantinense carece urgentemente da implantação de unidades
de conservação de proteção integral. 59 espécies ameaçadas de extinção em uma
região que tem em torno de 20% de vegetação nativa quando deveria ter 80% é
sinal de algo está errado. A situação tende a piorar uma vez que o Estado tem
investido em ações visando a exploração dos remanescentes florestais para fins
de produção madeireira-industrial, quando deveria estar criando unidades de
conservação.
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