O primeiro desenho animado exibido na TV
brasileira, em 1950, ganha nova vida e uma versão especial para as telonas de
todo País a partir do dia 5 de outubro. O filme
“Pica-pau”, produzido e distribuído pela Universal Pictures, conta com direção de Alex Zamm e traz o pássaro mais amado e suas travessuras
para os cinemas em live-action e animação CGI.

Arquiteto natural
No Brasil
existem dezenas de espécies de pica-pau, uma ave de canto e comportamentos característicos. Com uma estrutura única na cabeça, esses pássaros conseguem
dar cerca de 100 bicadas por minuto no tronco de uma árvore para construir seu
ninho. “O pica-pau faz buracos nas árvores para se abrigar e depois deixa esse
espaço para que outros animais utilizem o local para ninho ou abrigo”, conta
Renato Pinheiro, biólogo e professor da Universidade Federal do Tocantins.
Ele estudou
o pica-pau-do-parnaíba (Celeus obrieni - foto abaixo), espécie que acreditou-se estar extinta
desde 1926, mas que apareceu em 2006, no Cerrado. Seu projeto contou com o
apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para estudar a
espécie, gerando dados inéditos até então e inserindo-a na Lista Vermelha de
Espécies Ameaçadas. “Os resultados do estudo, que aconteceu entre 2008 e 2009,
mostrou como as queimadas e o desmatamento para agricultura e pecuária colocam
em risco espécies únicas da região. O pica-pau-do-parnaíba é uma espécie
emblemática do Cerrado e que necessita de áreas naturais preservadas para
sobreviver”, explica.
Luta pela
sobrevivência
O filme,
apesar de ser ficção, retrata bem a realidade das aves e das áreas naturais
brasileiras. De acordo com Pedro F. Develey, diretor da SAVE Brasil e membro da
Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, o desmatamento e destruição
do habitat natural das aves é uma das principais ameaças à sobrevivência das
espécies. “A degradação de áreas naturais prejudica as aves, pois gera a perda
de seu habitat, resultando na diminuição de fontes de alimento e na oferta de
locais para a construção de ninhos, por exemplo. Além disso, áreas não
conservadas podem permitir a entrada (mesmo que de forma ilegal) de caçadores e
pessoas que capturam aves para o comércio ilegal de animais silvestres”,
explica.
Ouvir o canto das aves, além de ser uma forma de identificação das
espécies, é um importante indicador de qualidade das áreas naturais. De acordo
com Pedro, a conservação de áreas naturais assegura a proteção dos habitats dos
quais as aves dependem, o que mantém os processos ecológicos e a diversidade
biológica. As aves são excelentes indicadores da qualidade do ambiente,
funcionando como detectores de mudanças na saúde e condições do ecossistema.
“Uma situação favorável ou não para as aves geralmente reflete uma situação
semelhante para outros grupos de animais e plantas, inclusive o homem”, alerta
o biólogo, que também afirma: “a criação de áreas protegidas (Unidades de
Conservação) é uma das maneiras mais eficazes de se preservar áreas naturais,
já que minimizam a degradação do habitat, superexploração de recursos
(incluindo caça, captura e pesca), poluição e invasão de espécies exóticas”.
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