A Área de
Proteção Ambiental do Lago de Palmas (APA Lago de Palmas) é uma unidade de
conservação de uso sustentável. Possui pouco mais de 50 mil hectares de
extensão e abriga uma rica biodiversidade. Entretanto, em 15 anos, esta unidade
de conservação teve 37% (aproximadamente 19 mil hectares) de sua vegetação
nativa convertida em áreas para agricultura, pecuária e urbanização. Tais
processos comprometem a manutenção da biodiversidade local. Os dados são da dissertação de mestrado do biólogo Renato Soares Moreira.
Trabalhos
recentes já registraram cerca de 296 espécies de aves para a região, superando
o quantitativo encontrado em grandes unidades de conservação do Estado do
Tocantins, tais como o Parque Estadual do Jalapão e a Estação Ecológica Serra
Geral.
A
diversidade de aves do local representa cerca de 46% das aves do Tocantins,
sendo muitas delas endêmicas do cerrado, mas pode-se ainda encontrar espécies
com endemismo amazônico e do bioma Caatinga, representado neste último caso,
pelo chorozinho-da-caatinga (Herpsilochmus sellowi), única população do Tocantins, que vive
em uma área de carrasco existente no interior da unidade e que futuramente pode
desaparecer devido a ocupação urbana no local.
Atualmente
sabe-se que pelo menos 12 espécies de aves encontradas na APA estão
classificadas como quase ameaçadas de extinção, ou seja, a beira de serem
inseridas em um nível mais crítico de extinção. Outras 2 estão inseridas nesse
nível crítico, com o status de “em perigo” de extinção, sendo elas os
pica-pau-da-taboca – Celeus obrieni e
Tiriba-de-hellmayr – Pyrrhura amazonum.
O grupo dos
mamíferos também tem destaque na APA, sendo estimada a ocorrência de pelo menos 14
espécies ameaçadas de extinção. Os registros mais recentes apontam para presença
do tamanduá-bandeira – Myrmecophaga
tridactyla, onça-parda – Puma
concolor, Irara – Eira barbara, Jaguarundi – Puma Yaguaroundi, Anta – Tapirus terrestres, bugio-preto – Alouatta caraya e do gato-do-mato – Leopardus tigrinus (recentemente reconhecido como espécie plena Leopardus emilae), estando estes classificados como quase
ameaçados ou já inseridos nas listas de espécies ameaçadas de extinção da IUCN
e/ou do Ministério do Meio Ambiente.
O ordenamento deficiente e o processo de ocupação da APA do Lago de
Palmas colocam em risco a manutenção da biodiversidade desta unidade de conservação.
O zoneamento proposto pelo órgão gestor prevê somente a preservação de pequenos
fragmentos de vegetação, com pouca ou nenhuma conexão entre os remanescentes
florestais, sendo quase sua totalidade destinada à expansão urbana e/ou zona de
desenvolvimento econômico.
O ordenamento e a ocupação da APA devem ser
repensados ou será inevitável o processo de extinção dentro de uma “unidade de
conservação” tocantinense. Tais iniciativas deve partir da necessidade de se determinar áreas prioritárias para conservação dentro da APA, aumentar a fiscalização, desenvolver iniciativas de educação ambiental e promover a ocupação ordenada da unidade de conservação.
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