No dia 20 de
fevereiro, doze pesquisadores embarcaram em uma expedição de dez dias na
Reserva Natural Serra do Tombador, localizada na porção central do Cerrado e
mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma das maiores de Goiás e, assim
como grande parte do Cerrado, sofreu com queimadas do último ano.
Com foco em
pesquisa, os especialistas farão uma imersão na região com o objetivo de
ampliar o conhecimento sobre as espécies da região e avaliar o impacto do fogo
na biodiversidade local. “Nossa ideia é tornar essa expedição um “marco zero”
do monitoramento do impacto do fogo no Cerrado na Reserva Natural Serra do
Tombador. Nos últimos anos, as queimadas têm atingido grande parte do bioma e
um estudo como este vai possibilitar uma melhor compreensão de como o fogo pode
influenciar o equilíbrio dos ecossistemas da Reserva”, comenta Natacha
Sobanski, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza.
A primeira
expedição de biodiversidade para a Reserva Natural Serra do Tombador, coordenada
por Reuber Brandão, foi realizada em 2016 e teve como foco o aumento do
conhecimento sobre peixes, pequenos mamíferos, morcegos e anfíbios. Durante dez
dias foram realizados mais de 60 novos registros de espécies no local. “Isso
não quer dizer que todas são novas para a ciência, mas que encontramos espécies
que nunca haviam sido avistadas na Reserva, algumas delas raras, endêmicas e
ameaçadas, ressaltando a importância do local para a conservação da biodiversidade do Cerrado”, ressalta Natacha. Neste ano, a saída de campo terá
como foco os pequenos mamíferos, as aves, o levantamento da flora e também das
formigas – insetos que podem ser considerados bioindicadores do impacto do fogo
sobre o ambiente e, quando monitorados, podem fornecer informações importantes
sobre as queimadas que ocorrem no Cerrado.
A expedição
é realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e conta com a
participação de especialistas da Universidade Federal de Viçosa, da
Universidade Federal de Goiás e da PUC-Goiás. Estudos como esse são de grande
importância para embasar, por exemplo, a implementação de futuras estratégias e
políticas de prevenção e combate ao fogo, mal que acomete o Cerrado todos os
anos. Além disso, os registros dos trabalhos dos pesquisadores e especialistas
servirão também de base para um minidocumentário que irá contribuir para
geração de conhecimento sobre o impacto do fogo no Cerrado.
O coordenador da expedição e membro da Rede de Especialistas em
Conservação da Natureza, Fabiano Melo, avalia a viagem como uma excelente
oportunidade de melhorar o conhecimento ambiental da região e de se preparar
para a presença cada vez mais constante do fogo. “Teremos um tempo de campo
considerado curto, mas estamos embarcando com o intuito de buscar novos dados e
novas espécies no estado de Goiás. Temos a nosso favor o ambiente que a Reserva
nos oferece pelo seu grau de isolamento e o contínuo vegetacional de Cerrado
respeitoso que ela nos oferece", destaca Melo.
0 Comentários